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A informação mediada pela falta de critério


Tem havido uma grande dificuldade de jornais em papel em manterem-se pelo advento das mídias virtuais. Entretanto, ainda, engatinhamos na organização do espaço infinito que a internet produziu. A principal dificuldade é trazer para a internet o modelo do jornal em papel, com suas limitações físicas a impor constantemente a presença dos "copy desks'.

O problema ocorre principalmente porque com a limitação do espaço os jornais impressos eram obrigados a organizar seu espaço com a finalidade de orientar a leitura e facilitar (às vezes com um índice de páginas) onde as informações estavam.

Por outro lado, as páginas eram concluídas nas redações levando em consideração a importância e a atualidade das notícias. Nunca me esqueço da lição que aprendi quanto ao valor das matérias postas nas páginas à direita e à esquerda e, dentro de cada uma delas, havia uma diferença fundamental entre estar mais ao rodapé ou na cabeça da página, na parte de fora da folha ou na parte interna mais próxima da dobra. A importância do conteúdo era tratada de acordo com o alcance dos olhos do leitor. Por óbvio que o formato do jornal, às vezes desajeitado para manusear, não era por acaso.


Pois bem, todas essas máximas, com as quais as editorias estavam acostumadas a lidar durante muito tempo, vão sendo postas de lado na internet. Ali (ou aqui!!!) não há lugares de desimportância, muito menos titulo em "caixa alta" que determine quão bombástica pode ser a informação. Não poucas vezes somos atraídos pelos pequenos "links" em letras minúsculas. As imagens adquiriram uma importância não apenas ilustrativa e complementar, mas fatual e suplementar, algumas vezes aparecem sem título a remeter o imaginário do leitor ao contexto onde ela está.


Me lembro até hoje de um tablóide em que trabalhei em Santo André, de circulação semanal. Saia na segunda-feira e era uma luta para atualizar o jornal com os resultados dos esportes do domingo à noite. Hoje, não só as transmissões podem ser acompanhadas em tempo real pelos noticiários, como uma vez gravadas vão costurando a matéria que vai sendo feita em tempo real enquanto o jogo ocorre. É impressionante!


Mas os olhos, a atenção, a leitura e o raciocínio do leitor, tanto quanto a prática das editorias ainda não se deu conta por completo dessas novidades. De um lado observamos uma ausência de critério pelos jornalistas (serão jornalistas mesmo??) para definir o que tem relevância e o que não tem. A proximidade com que matérias da área de econômia, política, cotidiano, polícia e... vida social de pseudo "socialites" estão postas em informatvos como o "UOL" ou "O GLOBO" chamam a atenção.


Não há o menor pudor em confrontar o espaço dedicado para, por exemplo, o desastre ambiental de Mariana com fotos de alguma modelo televisa, ex-BBB, ou seja lá quem for, mostrando seu corpo sob um título devastador do tipo: "fulana exibe corpo sarado e fãs aprovam".

A lambança comunicativa que transforma a leitura em desafio para a inteligência não é mediada por nenhum critério jornalístico, mas pela capacidade de o material exposto ser notado (e principalmente clicado).

(continua...)


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